segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

CineCrítica - Dúvida

Perdoe-me padre, pois eu tenho dúvidas! Como definir as interações dramáticas entre o respeitável padre Brendan Flynn (Philip Seymour Hoffman) e a irmã Aloysius Beauvier (Meryl Streep)? Indicada (poderia ter sido premiada)! Sim, os dois atores foram indicados pela academia nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante e Melhor Atriz. Quem torceu pela premiação só ficou na vontade. Valeram as cinco indicações, iai! rs

Mas voltando ao filme...

"Dúvida" é um filme de história simples, mas que cresce de forma complexa e elaborada, tudo graças ao diretor e escritor John Patrick Shanley, que também escreveu a peça de mesmo nome. A idéia de produzir algo para o cinema tinha realmente tudo para dar certo, em 2005, a composição dramática levou o prêmio Pulitzer de drama.

Uma guerra entre um padre e uma freira, em que, abaixo dos "tiros", fica agachada a religiosa professora, a irmã James, interpretada por Amy Adams, que reza em seu canto, esperando um cessar fogo. Bem diferente de seu papel na comédia musical "Encantada", como a princesa alegre e incansável Giselle. A atriz também foi indicada na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante, fazendo concorrência com uma outra atriz do mesmo filme, Viola Davis, que interpretou a mãe do coroinha Donald Miller (Joseph Foster).

Palmas também para a tensão e dinamicidade dos diálogos do já conhecido Seymour Hoffman e Streep que dispensa comentários (foi agraciada pela academia apenas duas vezes em duas categorias). Apesar de ser um drama, não irão cair lágrimas de seus olhos ao assisti-lo. Não há desgraças, somente uma dúvida que se baseia na mais firme certeza.

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

CineCrítica - O curioso caso de Benjamin Button

O Curioso Caso de Benjamin Button, dirigido por David Finch, é a mais nova tentativa bem-sucedida de toda a sua brilhante cinematografia. Trata-se de uma bela fábula; Benjamin Button nasce velho, às portas da morte e doente. No entanto, a cada minuto ele rejuvenesce, numa dramática inversão do ciclo da vida.

No início o filme assombra pelos efeitos. É inacreditável ver o “velho bebê” ou “bebê velho” (como queiram), abandonado na escada de um asilo, com o rosto enrugado de Brad Pitt. Conforme Benjamin começa a balbuciar suas primeiras palavras e levanta-se com o auxílio de muletas, vamos nos acostumando com o corpo senil do personagem, criado através de computação gráfica e efeitos práticos de maquiagem. Enfim, quando Button está pronto para explorar o mundo lá fora estamos dispostos a acompanhá-lo.

O filme parte de uma premissa estranha que dá lugar a uma meditação sobre a mortalidade, a passagem do tempo e o amor, em uma bem amarrada sucessão de eventos históricos vividos pelo protagonista, o que já foi bem explorado em filmes como Forrest Gump.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

CineCrítica - O Lutador

Com ares de um documentário e um orçamento próximo de uma produção independente, o filme "O Lutador" conta a história de um wrestler cinquentão, Randy "The Ram" Robinson (Mickey Rourke), caindo e afundando os pés na melancolia. Com relação a fotografia, já de início, nota-se como a câmera fecha no protagonista e o acompanha como se fosse um dos filmes do Michael Moore.

É interessante ver quando trabalhos como esse, que seguem a linha da decadência e da desgraça, acabam faturando indicações (e até premiações) no oscar, o "aclamado" prêmio da academia (vide Menina de Ouro). Acredito que é o limite, o verdadeiro teste para atores como Marisa Tomei que vive na pele uma stripper de nome Cassidy. Provavelmente, seu maior desafio, expor as carnes quase que por completo, e ainda incorporar o estresse de uma vida normal, fora dos clubes, com um filho de 9 anos. Tanto Tomei, quanto Rourke foram indicados nas categorias de melhor atriz coadjuvante, e melhor ator.

Mickey Rourke, que já foi lutador de boxe por anos, teve uma ligação forte com o papel. O que impressiona mesmo é aquele semblante que porta depois de cada problemão que surge na vida, uma cara de alguém sofrido, mas que continua na luta até o fim de seus dias. Foi o que o ator soube fazer bem, e de graça. Pois é, não recebeu nenhum centavo dos 7 milhões orçados para a produção. E acredita que seria Nicolas Cage que faria seu papel? De fato, seria um estilo completamente diferente.

E há também o mundo esmiuçado dos wrestlers, os que praticam a "Luta Livre". Os "armários" se encontram nos bastidores, lugar onde todo o espetáculo é planejado e até ensaiado. Daí saem manobras e estilos dos persongens que cada um criou. Uma espécie de luta teatral.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

CineCrítica - Vicky Cristina Barcelona

E o charmoso Woody Allen nos envolve: meros expectadores, diante de uma película exótica e caliente de se ver. Só o cenário (Barcelona e adjacências) já cativa seus olhos, e com seus ouvidos pode-se escutar uma narração simpática, que conta exatamente o que deve ser dito, ausentando-se nos momentos certos.

Atuação impecável de Javier Barden na pele do galante e sedutor Juan Antônio, perseguido por duas amigas diferentes (Scarlett Johansson e Rebecca Hall), além de uma ex-mulher maluca, uma porra-louca amável e talentosa interpretada por Penélope Cruz. Misture tudo no liquidificador, o produto é aquela história meio batida (ou ao menos, com alguns elementos batidos), embora deveras bem amarrada. Nada como um spanglês para ilustrar o rítimo doce e agradável, do modo como as coisas vão acontecendo.

A princípio, em uma terra onde se habla español, aquele sotaque peculiar e com nomes como Juan Antônio e Maria Elena, vão haver momentos que você vai lembrar das novelas mexicanas. Acho que é o que o Woody faz. Pega uma história normal, joga pimenta e sal, monta de forma gostosa e molha a tela do cara que está sentado embasbacado na poltrona.