quinta-feira, 2 de setembro de 2010

CineCrítica - Kick Ass


O filme de estréia do britânico Matthew Vaughn como diretor traz a jornada do herói enquanto penitência. Se a idéia é dar ao personagem uma consciência do que é ser herói, antes de tudo é preciso olhar para si mesmo.

Quando Dave Lizewski veste o uniforme pela primeira vez, ainda é um espectador (uma crítica ao narcisismo dos tempos modernos ou viagem minha?). Já na cena, em que se olha no espelho para medir o olho roxo e o sangue na boca, vira de fato o protagonista de sua própria história.

Vaughn estende essa maneira frontal de encarar as coisas a diversas outras situações. A mediação entre espectadores e espetáculo é questão importante do filme. A defesa do latino espancado é mediada pelo YouTube, o ataque de Big Daddy ao galpão é visto pela câmera de vigilância, e a cena do castigo é transmitida mundialmente ao vivo. O diretor brinca com todos esses ângulos e perspectivas.

A violência do filme é trabalhada de modo bastante sofisticado pelo diretor. Quando envolve os vilões é uma violência caricatural. Quando envolve Dave Lizewski, a violência passa a ser mais verossímil e o sangue digital dá lugar ao sangue de corante, tudo isso ao som de uma eletrizante trilha sonora. Poderia enumerar algumas dessas cenas e músicas divertidas, mas isso seria tiraria um pouco da surpresa do espectador.

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