quinta-feira, 9 de outubro de 2008

CineCrítica - Ensaio Sobre a Cegueira

Colaboração de Sandro Tebaldi

Mais do que um simples filme, Ensaio sobre a cegueira é um tratado sobre a solidariedade humana em um mundo dominado pelo egoísmo.

Sob o ponto de vista cinematográfico, destaque para a fotografia super exposta e leitosa de Charlone, capaz de transformar a cegueira em um narrador-personagem. Trilha sonora minimalista e sob medida. Elenco e direção afinadíssimos. Tudo preciso, montagem, roteiro, etc, mas não quero tratar de aspectos técnicos. Quero comentar uma função cada vez mais rara da arte cinematográfica: a reflexão.

O Cinema muitas vezes nos ajuda em reflexões morais. Serve de espelho. E neste caso, a imagem que nos surge não nos parece bela. Estamos cegos! Constatação incômoda que gruda em nossos olhos ao assistirmos o filme, ou ensaio. Cegos pelo excesso! Cegos de tanto ver, sem no entanto, enxergar. Com a enorme quantidade de filmes de entretenimento fácil que encontramos, é uma dádiva ainda encontrarmos produções que privilegiam a arte cinematográfica em busca de uma evolução humana. Pena que a sala não tinha mais do que 20 testemunhas, na sala ao lado, a sessão de Hellboy estava lotada!

2 comentários:

Renan Barreto disse...

Concordo. É verdade, essas questõe são incômodas e embrulham o estômago. Não vou entrar no mérito de Saramago pode deixar o negócio aqui é cinema e não literatura. A questão levantada é perfeita e a quantidade de pessoas na sala de "Ensaio..." é apenas o reflexo do que é o mundo. Pessoas que preferem ouvir o que querem, querem continuar vivendo nesse mundo das maravilhas, onde o bem sempre vence e que não há responsabilidade social real.

Um abraço, e excelente crítica (não ao filme, mas às produções cinematográficas em geral).

Renan Barreto disse...

Na última frase quis dizer (não APENAS ao filme, mas às produções cinematográficas em geral). Ficou parecendo que desmereci a crítica. Desculpe pelo erro. srrs